“Estar simplesmente com Ele” (de “Conferências de Gethsemani” de John Main)
Na meditação vamos para além dos pensamentos, mesmo dos pensamentos puros. A meditação diz mais respeito ao ser do que ao pensar. E na oração contemplativa procuramos tornarmo-nos na pessoa que somos chamados a ser: não por pensar em Deus, mas por estar com Ele. Estar simplesmente na Sua presença é mais do que suficiente. Estar simplesmente com Ele é deixarmo-nos ser a pessoa que Ele nos convida a ser. Esta é a mensagem do mandamento de Jesus, de procurarmos em primeiro lugar o Reino e tudo o resto nos será dado por acréscimo. Mas isso não é tarefa fácil para aqueles de nós que foram criados na cultura ocidental contemporânea. Temos todos sido condicionados por uma cultura de excessiva atenção à actividade cerebral. E temo-nos definido de um modo demasiado limitado como “criaturas racionais”. A resposta da pessoa como um todo, para com Deus, tem vindo a ser empobrecida e só permanecem activos os elementos cerebrais e verbais na nossa tão pobre compreensão da oração. O objectivo a atingir na oração cristã é permitir a presença misteriosa e silenciosa de Deus em nós, a fim de se tornar, cada vez mais, não só numa realidade, mas na realidade que dá significado, forma e sentido a tudo o que fazemos, a tudo o que somos. E, deste modo, a oração não é o tempo das palavras, por mais belas e sinceras que sejam. Todas as nossas palavras são completamente inúteis quando entramos em comunhão misteriosa com Deus, cuja Palavra está antes e depois de qualquer outra palavra.
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