A BELEZA DA ORAÇÃO CONSISTE NO FACTO DE QUE O ABRIR DO NOSSO CORAÇÃO É TÃO NATURAL COMO O DESABROCHAR DE UMA FLOR. PARA QUE UMA FLOR ABRA E FLORESÇA BASTA ESPERAR; PORTANTO, SE ESPERARMOS, SE NOS AQUIETARMOS E ASSIM PERMANECERMOS QUIETOS E SILENCIOSOS, O NOSSO CORAÇÃO ESTARÁ INEVITAVELMENTE ABERTO E O ESPÍRITO BROTARÁ DENTRO DO NOSSO SER. FOI PARA ESTE FIM QUE FOMOS CRIADOS. JONH MAIN, OSB (1926-1982)

domingo, outubro 08, 2006

Leitura da Semana (08/10/2006)


Duas palavras do passado" De John Main em THE HEART OF CREATION (New York: Continuum, 1998), pp. 42-44.

Os primeiros Padres monásticos logo descobriram que um dos obstáculos que todo homem e mulher que oram devem superar é o que é descrito como acedia. Acedia é um conceito psicológico relativamente complexo, mas envolve conotações de tédio, secura, falta de satisfação, um sentido de desesperança, de não lograr progredir. Acho que todos nós, em certa medida, temos familiaridade com essa manifestação do ego. De fato, o conceito de acedia é particularrmente moderno. Pessoas em nossa sociedade se entediam com facilidade. O tédio nos inquieta e nos torna inconsistentes com nossos compromissos, a todos nós. Da mesma forma como os antigos monges se dirigiam a Alexandria para um pouco de distração de vez em quando, nós também, em nossa sociedade secular, estamos à procura de distração. Aqueles de nós que descobrimos o caminho da meditação, freqüentemente sentimos uma puxada ao revés, para retirarmos nossos pescoços do jugo, para que possamos descansar por algum tempo. Todos buscamos uma diversidade porque nos cansamos da igualdade de um compromisso diário de uma peregrinação que nos põe à prova com longos períodos de rotina.

Um jovem me procurou recentemente e perguntou: ¨ Como agüenta olhar por sua janela todo dia e ver a mesma coisa? Não lhe enlouquece? Talvez a verdadeira pergunta deveria ter sido: "Como é possível olharmos pela mesma janela todo dia e ver tanto ?" Os primeiros padres sabiam que o tédio provinha do desejo, do desejo pela auto- satisfação ou pela fama, por algo novo, por uma mudança de ambiente ou atividade, por uma relação diferente, por um brinquedo novo, por qualquer coisa que seja.

A oração pura reduz o desejo. Na quietude da oração, ao nos aproximarmos da Fonte de tudo que existe, ou do que pode ser, estamos tão imbuídos de encanto que não há lugar para desejo. Não se trata de que transcendemos o desejo, mas simplesmente de que já não há espaço em nós para ele. Todo nosso espaço é preenchido com o encanto de Deus. A atenção que é dispersada ao desejarmos, é restabelecida e absorvida em Deus..

Ao meditarmos, nos desprendemos do desejo de controlar, de possuir, de dominar. Buscamos, pelo contrário, sermos apenas quem somos e, sendo quem somos, estaremos abertos ao Deus que é. Como resultado dessa abertura nos enchemos do encanto, do poder, da energia de Deus. Que é o poder e a energia de conseguir amar.[E] se amamos, é impossível estarmos entediados.

Medite por Trinta Minutos.
Sente-se confortavelmente, mas com a coluna ereta. Feche levemente os olhos. Sente-se relaxado mas atento. Em silêncio, interiormente, comece a repetir uma única palavra. Recomendamos a palavra-oração "Maranatha". Recite-a como quatro silabas de igual duração Ma-ra-na-tha, em ritmo lento. Ouça-a à medida que a pronuncia, suavemente mas continuamente. Não pense nem imagine nada - nem de ordem espiritual nem de qualquer outra ordem. Se pensamentos e imagens afluírem à mente, trate-os como distrações e simplesmente retorne à repetição da palavra.

Mesmo que você esteja distante fisicamente de outros meditantes, você está unido à eles no Espírito. Reserve meia hora toda manhã e toda tarde para os seus períodos de meditação. É uma boa idéia meditar no mesmo local tranqüilo e horário, se possível. Dessa forma seus períodos de meditação se tornam uma parte muito natural do seu dia. Seja generoso com seu tempo, seja fiel ao mantra, e partilhe nesta união silenciosa que nos une a todos no Espírito.