A BELEZA DA ORAÇÃO CONSISTE NO FACTO DE QUE O ABRIR DO NOSSO CORAÇÃO É TÃO NATURAL COMO O DESABROCHAR DE UMA FLOR. PARA QUE UMA FLOR ABRA E FLORESÇA BASTA ESPERAR; PORTANTO, SE ESPERARMOS, SE NOS AQUIETARMOS E ASSIM PERMANECERMOS QUIETOS E SILENCIOSOS, O NOSSO CORAÇÃO ESTARÁ INEVITAVELMENTE ABERTO E O ESPÍRITO BROTARÁ DENTRO DO NOSSO SER. FOI PARA ESTE FIM QUE FOMOS CRIADOS. JONH MAIN, OSB (1926-1982)

quinta-feira, julho 12, 2007

Fidelidade e Disciplina

1. A ideia básica de meditação cristã é contrária a toda a nossa cultura que visa o sucesso imediato. A meditação transcendental e outros tipos de meditação prometem resultados imediatos de transcendência. A meditação cristã não faz tal promessa.

2. Na meditação, tentamos apenas estar presentes aqui e agora. Tentamos deixar passar tudo o que não seja Deus, para estar em casa com Ele dum modo simples e não planeado.

3. Um dos grandes obstáculos à oração é a nossa obsessão com o sucesso. Em todos os caminhos da vida, somos pressionados para ter sucesso. Tendemos a fazer o mesmo na oração, e tendemos a julgar o nosso sucesso ou falhanço pela presença ou ausência de distracções. Mas nós não rezamos para ter sucesso. Rezamos para ser fiéis. Quanto mais vezes voltarmos ao mantra em fidelidade, depois de estarmos distraídos, mais fiéis seremos.

4. A verdade fundamental é-nos transmitida magnificamente por T.S.Elliot em “East Coker”, quando ele diz:

Para nós, há apenas a tentativa,
o resto já não é assunto nosso.

5. Na meditação, abrimo-nos totalmente a Deus sem premeditação. Isto também foi belissimamente expresso pelo poeta Henry W. Longfellow (1807-1882):

Vamos então trabalhar para uma calma interior
Uma calma interior e uma cura interior
Esse silêncio perfeito onde os lábios e o coração sossegam
E nós não mais acolhemos
Os nossos pensamentos imperfeitos e opções vãs
Mas apenas Deus fala em nós, e nós esperamos
Com simplicidade de coração, poder saber
A Sua vontade, e no silêncio do nosso espírito,
Poder fazer essa vontade, e só essa vontade.

6. A meditação é uma disciplina, não uma técnica. Para John Main a distinção entre uma técnica e uma disciplina era muito importante. Em muitos formas de meditação popular, o ênfase é posto em técnicas que nos vão levar a experiências extremas. Elas não têm lugar nos ensinamentos de John Main. Uma técnica é algo para ser dominado. Dominar é ter sucesso e isso é inflacionar o ego. Isso pode ser contraproducente em termos espirituais.

7. A disciplina, por outro lado, é seguir um caminho. A disciplina da meditação é tanto exterior como interior. A disciplina exterior consiste em meditar duas vezes ao dia. A interior consiste em continuar a voltar ao mantra, independentemente das nossas distracções.

8. Nós seguimos o caminho não para ter sucesso mas para sermos fiéis. A medida do sucesso, se é que ela existe, está na nossa fidelidade em voltar ao mantra, não no nosso sucesso de permanecer nele.

Gerry Pierse